CULTURA VIVA

Confira este texto publicado pelo Blog Trezentos sobre o Programa Cultura Viva, idealizado e posto em prática pelo Célio Turino e que tem os Pontos de Cultura como ação.


CULTURA VIVA – O VERDADEIRO MÉRITO DO GOVERNO LULA
Por Carlos Henrique Machado Freitas

“O que até então se chamava de história universal era a visão pretensiosa de um país ou continente sobre os outros, considerados bárbaros ou irrelevantes. Chegava-se a dizer de tal ou tal povo que ele era sem história.” (Milton Santos).

Célio Turino, idealizador dos Pontos de Cultura

O espaço da cultura institucional é cheio de caminhos vagarosos e imbricados – Se durante os quinhentos e doze anos de Brasil, criamos uma solidariedade orgânica, um conjunto de agentes exercendo sobre o território comum a ação de ada um, a reprodução a partir do espaço geográfico institucional jamais refletiu essa atividade multidisiplinar para que pudéssemos alimentar e aprofundar a personalidade do Brasil real.

O Estado na verdade nunca permitiu que a integração processada pela ação multiplicadora das ruas se estendesse aos respectivos espaços institucionais da cultura – a ordem implacável de uma força marota das elites sociais e econômicas no Brasil era enxergar o Estado do ponto de vista “racional”. Daí definir limites exercidos de cima para baixo sustentando um conjunto de produções localizadas das doutrinas fez a personalidade do Estado brasileiro ser dócil tão somente ao produto institucional eurocêntrico.

Diante de uma quadro desses, qual seria a solução para, sobretudo, no governo Lula termos um desempenho institucional que focasse, em nível nacional, a própria imagem do presidente nordestino, operário que trouxe uma outra perspectiva à vida democrática do Brasil? Até a chegada de Lula à presidência, o Ministério da Cultura era um espaço banal, ali sentavam-se para definir as políticas culturais do país, empresas, instituições tradicionalistas, pessoas, mas nada que representasse o espaço das vivências ou um elenco com condições de realizar a indiscutível integração das ruas dentro dos governos. Então seguimos fazendo a partir do MinC o uso pragamático de um equipamento “modernizado” que na realidade efetivava as anacrônicas verticalidades históricas no Estado brasileiro.

Então, como intervir de fato oferecendo novas regras à natureza geral do MinC? Como localizar e desenvolver um projeto que representasse aquele período, aquele tempo histórico de Lula? O Brasil precisava revelar as suas características em situações comprometidas com a própria imagem do presidente. E não existiam, como ainda não existem condições físicas e artificiais que possibilitem criar uma vertigem de projeto nacional.



Portanto, um novo caminho então dependeria da necessária participação do povo brasileiro em iniciativas articuladas com o mínimo possível de obstáculo entre o governo Lula e o povo. Para isso, o MinC da era Lula dependia de um projeto com necessária clareza para que a grande mutação despontasse e seguisse repercutindo o Brasil dos brasileiros, ajustando assim por etapas os ponteiros que identificavam as nossas culturas herdadas dentro do tempo presente.

Para que isso tivesse a validade de um projeto democrático, a liberdade, a dignidade e a felicidade tinham que surgir como valores contingentes Por isso é lícito afirmar que o que resultou em um arranjo diferente e trouxe o extraordinário grau de consciência da cultura brasileira, foi o programa Cultura Viva – Pontos de Cultura. E tais possibilidades só seriam empreendidas com combinações empíricas a partir de um fenômeno institucional. Ou seja, a factabilidade histórica do Cultura Viva dependeu principalmente da maneira como Célio Turino estruturou essas combinações, pois todos os valores fundamentais e essenciais de ambos só se fizeram presentes a partir de possibilidades reais, concretas e factíveis que definissem a nova literatura oficial do verdadeiro mundo brasileiro.

O que quero destacar aqui é que, para empreender um caminho, dependemos necessariamente de um conjunto de conhecimentos sobre as nossas realizações históiricas no campo da cultura. Isso está muito além das teorias ou das bandeiras gerenciais. Um projeto que permite o país pensar a partir de sua vontade contra os históricos atores hegemônicos e colocar esse projeto em situação central de objetivo moral como um paradigma da nossa era, exige um indispensável conhecimento do nosso processo histórico, a visão do pleno direito da modernidade atual e como, diante da globalização e sua técnica hegemônica poderíamos humanizar e construir um movimento humano, nacional e, consequentemente revolucionário de tal autonomia que definisse toda a realidade e, de imediato, se transformasse num fenômeno político.

Bom, isso foi o Cultura Viva de Célio Turino no governo Lula. Isso dá a dimensão da importância histórica de seu trabalho na vida coletiva do povo brasileiro. Mas vai além, numa visão planetária o Cultura Viva foi, em termos de cultura institucional, a ideia do século, pois foi o Cultura Viva de Célio que, na gestão Gil e Juca, revelou o movimento do mundo brasileiro em uma só pulsação.

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